segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O tédio consome meus dias rapidamente. As palavras, hoje mais rebuscadas, não vem-me com a abundancia de outrora. As pessoas ao meu redor tornaram-se mais escassas. Tudo aparenta ser limitado e previsivel. Minha consciencia afirma que amanha estarei aqui, sentado, fazendo as mesmas coisas. O alvorescer confirma o prelúdio de minha mente.
Meus sonhos e objetivos levarão tempo para se realizarem, caso ocorram. Vivo nos dias antescedentes a eles. Houve mudanças recentemente, provável que seja a realização inesperada de um de meus sonhos. O nervosismo e a anciedade, ainda existentes, transformam-se aos poucos em algo prazeroso, pelo simples fato da realização.

A anciedade reaparece na sua ausência, e o tédio continua a consumir os dias ate o próximo encontro.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A união era impar. Uma amizade febril, que não haveria se achar mais pura nem mesmo entre os anjos.
Seus mundos, assim como suas ideias, edificavam-se totalmente opostos, embora os valores fossem uniformes e inalienáveis. Valores que, compartilhados, deram a luz à cumplicidade, a camaradagem que se fazia presente nos melhores e piores momentos.
No entanto, a vida, coletivo de imprevistos e ironias, tratou de reservar curto caminho à amizade que se mostrava tão enorme, promovendo triste fim à uma pessoa que sempre fora tão alegre.
O amigo, hoje, lhe aparece em forma de recordação das horas felizes, belas recordações que o presente e o futuro só podem tornar mais saudosas, jamais destruir, pois, como certa vez disse um sábio, esse é o misterioso privilégio do passado.

sábado, 5 de setembro de 2009

Conto V - Vingança

Olhava fixamente aquilo estirado a sua frente. De joelhos ele estava, quando notou sua consciência voltar, embora soubesse o que tinha feito. Fechava os olhos, e via sua filha, ou partes dela. Ao abrir os olhos, via sangue, o culpado e uma sentença, seguidos de um vazio que o secava por dentro. A filha lhe servia de olhos, com ela só enchergava a pureza das coisas, ela definitivamente era sua morfina, que foi perdida prematuramente, forçando-o a sentir a realidade. Agora, ja sem balas, queria uma opção para se juntar a ela. Ao levantar, reclinou-se sobre o corpo onde alojou as balas, e deixou a Glock vazia. Caminhou em direção a janela, estava concentrado.
Gun_by_Peterodl

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Conto IV – 10 segundos

Restavam 10 segundos no cronômetro. Já haviam desistido de escapar. As feridas nos pulsos, ainda roçavam nas cordas, agora mais frouxas, porém não restavam-lhes forças para tentar. Olharam-se, um olhar de desespero, pois sabiam o que ocorreria quando o relógio zerasse. Se não estivessem amarrados, um abraço seria inevitável. Tombaram, ficaram frente a frente.
5 segundos…
Um filme rodou, de meio segundo, contendo milhares de flashs de tudo o que passaram juntos ate aquele momento. O beijo foi salgado, molhado pelas lagrimas de suas lembranças.
0
Não havia mais dor, nem amor, nada.