segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Conto III

Death_by_marak24
Rio de Janeiro, Linha Vermelha. O tráfego está tenso. Buzinas ensurdecedoras assolam aquele local. Numa das passarelas observo o movimento das pessoas. O barulho não as incomoda, passam despercebidamente apressadas, seguindo pelo caminho de suas lotadas rotinas. Essa algazarra de sons me incomoda, e muito, a ponto de ter que fazer leves pausas para me recuperar. E assim estou. Noto que em meio ao trânsito de homens e mulheres, há três garotos e uma garota. Para descrevê-los o melhor é dizer que diferiam apenas em tamanho. Tive que olhar duas vezes para notar que era uma menina, e não mais um dos garotos. Suas almas possuem tonalidades fracas, como se houvessem buracos. Ao se aventurarem fazendo malabares para arrecadarem cédulas, vejo-os trocando-as, logo após, por pedrinhas levemente sujas porém esbranquiçadas. Prefiro deixar em aberto o uso dessas pedras, não é importante; nenhum dos vicios de vocês significarão algo. Enfim, ficaram nos malabares e pedrinhas o dia todo. Ao escurecer avistei meu objetivo, ao mesmo tempo em que os quatro brincavam no sinal aberto. A alma dela era fraca e leve, e não carregava qualquer sentimento consigo. Talvez porque são humanos à margem da sociedade estipulada pelos próprios, ou porque suas almas não têm outra escolha, além de habitar as trevas do mundo.

domingo, 30 de agosto de 2009

Afraid of myself

Sinto-me fraco. Sou fraco! Tento manter uma aparencia confiante, tentando mostrar que sei o que fazer, não expondo meus medos e aflições, como se a opinião alheia fosse a que importasse, ou a que bastasse. Todos fazem isso. Ninguem se expõe por completo, tememos a avaliação dos outros, pois não queremos ficar só. O maior medo do ser humano é ficar sozinho, não convivemos bem com a solidão, porque não suportamos a nós mesmos.

Penso em várias coisas todo tempo, a maioria não é dita. Metade das coisas ditas são por impulso, aumentando o medo do “não saber o que falar” ( e enfim falando merda, ou nada). Mantenho esse tipo de opinião calada em meu interior. Poucas vezes elas emergem. Me isolo, e elas saem dos meus olhos, e ferem-me. Transbordam meus erros e infelicidades. Deixo tudo sair, pois ficou muito tempo acumulando. No fim estou vazio. Não quero encher-me novamente.

domingo, 23 de agosto de 2009

Aos Sonhos

Obrigado por existirem. Vocês são o que há de mais genuíno e vivo dentro de mim.
Apesar dos tropeços e adiações, se mantém acesos como sempre estiveram.
Como um farol que brilha à noite, me iluminam, norteam minhas ações e minha conduta. Vocês calam cada um dos meus insucessos, espantam cada um dos meus fantasmas e me trazem ao rosto um sorriso só pelo simples fato de existirem, da possibilidade de se concretizarem ou não.
E cada um que se realiza, diferente do que algumas pessoas dizem, trazem imensurável satisfação, não só pela concretização em si, mas por abrir espaço à uma nova aspiração que vem logo em seguida.
Vocês existem e sempre foi assim, sempre será... Nada nesse mundo pode apagá-los: frustrações, desilusões, perdas, bem como os demais golpes desferidos pela vida, nunca foram capazes de transpassá-los. Meu escudo insuperável.

domingo, 16 de agosto de 2009

- Alô!
- Oi, como vc tá?
- ALô!
- Oi, tá me ouvindo? Acho que a ligação não está boa.
- Amor, não tô escutando nada. Tá difícil entender o que vc diz.
- Não sei se vc está se esforçando pra entender...
- Como é? Fala mais alto, e devagar.
- O problema é que às vezes a solução não é essa. O modo como vc fala, muitas vezes, é secundário. O que importa é o que eu estou tentando dizer, não como estou fazendo isso.
- O problema é o quê??
- Para. Isso não tá dando certo, é melhor ficarmos por aqui. A gente já não tem se entendido bem há algum tempo.
- O que que tem o tempo? Isso não tem a ver com o tempo, é só o seu aparelho que não está bom.
- Tá vendo? É disso que eu tô falando: a culpa é sempre da minha parte. Vc não erra nunca, nunca é culpado por nada.É perfeito! Tô cheia disso.
- Olha... tá difícil. É melhor a gente se falar amanhã, não estou entendendo mais nada. Seu telefone tá louco, a dona dele então...
- Não acredito que vc disse isso!
- Como? repete.
- Nossa vida tem sido repetição atrás de repetição, não vou repetir mais nada, não quero. Quero ter certeza que a rotina não foi culpa minha.
- Um beijo. Amanhã falamos...
- Nem o beijo é mais a mesma coisa de antes, tudo está pior, será que voce não percebe?
- Te amo. Até.
- Escuta aqui, se vc desligar esse telefone...
Tu Tu tu...