Rio de Janeiro, Linha Vermelha. O tráfego está tenso. Buzinas ensurdecedoras assolam aquele local. Numa das passarelas observo o movimento das pessoas. O barulho não as incomoda, passam despercebidamente apressadas, seguindo pelo caminho de suas lotadas rotinas. Essa algazarra de sons me incomoda, e muito, a ponto de ter que fazer leves pausas para me recuperar. E assim estou. Noto que em meio ao trânsito de homens e mulheres, há três garotos e uma garota. Para descrevê-los o melhor é dizer que diferiam apenas em tamanho. Tive que olhar duas vezes para notar que era uma menina, e não mais um dos garotos. Suas almas possuem tonalidades fracas, como se houvessem buracos. Ao se aventurarem fazendo malabares para arrecadarem cédulas, vejo-os trocando-as, logo após, por pedrinhas levemente sujas porém esbranquiçadas. Prefiro deixar em aberto o uso dessas pedras, não é importante; nenhum dos vicios de vocês significarão algo. Enfim, ficaram nos malabares e pedrinhas o dia todo. Ao escurecer avistei meu objetivo, ao mesmo tempo em que os quatro brincavam no sinal aberto. A alma dela era fraca e leve, e não carregava qualquer sentimento consigo. Talvez porque são humanos à margem da sociedade estipulada pelos próprios, ou porque suas almas não têm outra escolha, além de habitar as trevas do mundo.
Há 6 anos
O conjunto do texto com a imagem escolhida para ilustra-lo foi fascinante...
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