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Vocês juntos são uma dádiva. É bom acompanhar isso, testemunhar como ainda é possível acreditar na pureza do ser humano. Parabéns! Vcês são a prova viva de que tudo pode dar certo, e têm consciência de que isso acontece pelo respeito mútuo: respeito ao espaço alheio, respeito ao momento, respeito que transborda de um para o outro, nos gestos, nos olhares, no falar, e por que não dizer, no calar? Vocês viram que não adianta afobação, não adianta querer fazer de um momento o certo; o momento certo aparece quando menos se espera, aliás, quando se espera muito, mas já quase não se tem esperanças. Quantas vezes me peguei torcendo por vocês e deixando meus problemas de lado? Quantas vezes quis, infantilmente, achar uma solução, algo que pudesse ajudá-los? As mãos atadas, no etanto, não diminuiram em nada meu prazer pela realização. As frases apaixonadas, os carinhos, os olhares que se perdem um no outro e parecem negligenciar a existência de um mundo extrínseco, tudo isso me encoraja a tentar mais uma vez. Não sei se é egoísmo enxergar na felicidade alheia um sinal pra mim, mas se for, peço desculpas. Sorrisos tontos, tortos, mas tão ternos. Tantos sorrisos parecem debochar de quem diz não acreditar na felicidade completa (e o que seria felicidade pela metade?). Vocês provam, a cada dia e para quem quiser ver, como é simples ser feliz.
Ressaca moral não existia. Para ele, ressaca tinha de dar dor de cabeça, e essa não dava. O que incomodava era a ressaca convencional, felizmente, cada vez mais rara. Mais um sábado, esperanças renovadas. Não há como encontrar alguém estando preso em casa. Legal até onde lembrava, depois: a cama, o quarto, o lençol na cara, a luz acesa e a carteira perdida - talvez tivesse esquecido no carro. "Hoje é descanso, já curti muito." O pensamento vinha com o pesar de não ter dinheiro para ir ao Maraca ver o Flamengo. O irmão bate na porta: "você tem visita!" Vira-se de lado e o sono fala mais alto que a curiosidade. O sono quase sempre se impunha... Vai saber quem era...
Preferiu voltar andando ao invés de tomar um ônibus. Depois da noitada regada à cerveja, arrastou-se tropeçando nas pernas e nos pensamentos. Na mente só havia incertezas, não concatenava ideias nem completava qualquer raciocínio. Não sabia onde estava, tão pouco pra onde queria ir. Naquele instante, o tombo. O corpo caiu, mas da cabeça a reflexão se levantou - reflexão, no mínimo, imprópria para alguém naquela condição -, percebeu semelhanças entre a rua e seu coração: ambos tão frios, tão escuros, tão desertos, precisando de alguma segurança... Os dois pareciam assombrados. Lembrou-se do quão inadequado e idiota era o pensamento anterior, puxou do bolso a última halls preta e continuou o percurso.
Porque algumas frases só surtem efeito quando ela diz... E quando ela fala, me calo e presto atenção. Vale a pena refletir. Quando as palavras saem da sua boca, têm sentido, têm beleza. Quando isso acontece, a felicidade existe.
Tira essa expressão do rosto, ela não combina com você. O sarcasmo nunca lhe caiu bem, muito menos agora. Faz cara de raiva, de tristeza, de melancolia, de sarcasmo não. Não quero ver você contente agora, não quero sorriso. Quero lágrimas. Seja feliz depois, em outro tempo, mas não agora, porque nada é tão bonito quanto o choro no momento derradeiro. Nada é tão contundente quanto um triste último olhar,com soluços de adeus e a típica falta de palavras que simboliza o sonho despedaçado.
Agora me sinto pronto. Não sei se preparado, mas mais pronto do que antes. Mais disposto a enfrentar as dificuldades, mais forte pra conseguir retirar as pedras do meu caminho. A partir de agora quero dar um sentido à loucura, uma cor à tela, uma letra à melodia. Minha loucura, minha tela, minha melodia. Minha vida. Hora de colocar as coisas no lugar e olhar pra frente, esquecer alguns momentos dos últimos anos que ainda latejam em minha cabeça, tristes flashes. Mas o pior é que, refletindo com atenção, percebi que os tristes não são os piores... São os felizes que mais têm me importunado, os das horas alegres ao lado de gente que sei que não estará mais nos meus momentos futuros, nem alegres, nem tristes, pessoas que saíram da minha vida. E os lugares insistem em atiçar minha memória, por onde passei ao lado dessas pessoas, consigo enxergá-las lá, rindo pra mim, fazendo alguma piada ou careta, ou com o olhar perdido na direção do horizonte. Até o cheiro permanece lá. Cada dia elas mudam de expressão e humor nas minhas lembranças, infindáveis. Nostalgia pode ser uma coisa boa, mas não pra mim, não agora, quero deixar tudo isso no passado, que é o seu devido lugar. Olhar pra frente, reordenar a cabeça, arranjar um sentido. A hora da transição é sempre a mais complicada, mas estou pronto. Sei que mereço ser feliz.
 Toda noite de lua cheia viro um monstro. Sou um lobisomem. Quando não tem luar, vago pelas vielas vendo os estragos que fiz. Quando não sou lobo, sou homem, e estou com meu amor. Ela é tudo para mim, e mantenho-a afastada de mim, de minhas garras, a noite.
Certa noite de lua cheia, uma linda moça, com aparência de ninfa, escondida, encaminha-se para ver seu amado.E acontece. E hoje a noite não tem luar, e eu estou sem ela.
Sabe quando você quer se antecipar a uma situação e começa a conjecturar as possibilidades, na tentativa de adivinhar o que pode acontecer e estar bem preparado pra isso? Claro que você sabe. Todos sabem. O mundo inteiro sabe. Não há quem nunca tenha feito isso, em especial na hora de ir dormir. E, como você também sabe, meu amigo, na maioria das vezes nosso planejamento não vale grande coisa: as perguntas que você esperava não vêm, as suas frases de efeito não causam o impacto esperado, você simplesmente não encontra lugar para encaixar as suas respostas ensaiadas, a retórica parece estar de mal com você... Pois é, não fique triste, isso acontece o tempo inteiro com todos nós. Acho que esse exemplo serve pra ilustrar como funciona o curso da vida: você faz planos, se programa meticulosamente, e, às vezes, acontecem imprevistos que te impedem de chegar ao seu objetivo. São raríssimas as situações nas quais acontece o imprevisto maior de todos: as coisas se concretizarem como você esperava. Mas acredite, é melhor que seja assim. A graça da vida está no inesperado, nas surpresas... Se tudo acontecesse como prevemos, os êxitos não nos dariam a menor satisfação, as vitórias não mereceriam comemoração e a vida se daria desse modo mecânico. Falando em surpresas, minha internet parou de funcionar, por conta disso que resolvi escrever algo, e acabou saindo isso... Viu que legal? Se a internet estivesse funcionando eu não teria escrito esse texto... E talvez você ficasse feliz por isso
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